Um grande salão com várias profissionais de saúde realizando atividades de reabilitação em bebês com microcefalia

Hospital Sarah atende gratuitamente bebês com microcefalia em Fortaleza

15/03/2016 Deficiência Intelectual, Notícias 0
Seis mulheres seguram seis crianças em uma piscina, orientadas por uma professora

Atividades na piscina fazem parte da reabilitação das crianças na diminuição das sequelas

O Hospital Sarah de Fortaleza, integrante da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, iniciou o atendimento gratuito a bebês que nasceram com microcefalia. De acordo com o médico Márcio Venturini, diretor do Sarah, desde outubro de 2015 o hospital recebeu 36 solicitações de atendimento por microcefalia. Até o momento, 21 crianças já foram atendidas, 17 tiveram diagnóstico de microcefalia confirmado, sendo oito casos relacionados à infecção materna pelo vírus da zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com um crânio de um tamanho menor do que o normal – com perímetro inferior ou igual a 33 centímetros. A condição normal é de que o crânio tenha um perímetro de, pelo menos, 34 centímetros. Essas medidas, no entanto, valem apenas para bebês nascidos após nove meses de gestação, e não são referência para prematuros.

Na maior parte dos casos, a microcefalia é causada por infecções adquiridas pelas gestantes, especialmente no primeiro trimestre de gravidez – que é quando o cérebro do bebê está sendo formado. De acordo com especialistas, em 90% dos casos a microcefalia vem associada a um atraso no desenvolvimento neurológico, psíquico e/ou motor. “O tipo e o nível de gravidade da sequela variam caso a caso, e em alguns casos a inteligência da criança não é afetada. Déficit cognitivo, visual ou auditivo e epilepsia são alguns problemas que podem aparecer nas crianças com microcefalia”, explica o diretor do Sarah.

Segundo Márcio Venturini, a microcefalia pode ser descoberta na gravidez, no nascimento ou depois dele e, para evitar que a doença comprometa o intelecto da criança e cause lesões graves, o diagnóstico e tratamento precisam ser iniciados o mais cedo possível. “Quanto mais precoce, melhor. A reabilitação minimiza as lesões advindas da má formação do cérebro”, diz.

Como obter tratamento

Os interessados em obter tratamento no Sarah, devem realizar a marcação da consulta no site da Rede Sarah, no ícone “Solicitação de Consulta”. Na ocasião, a família escolhe a data para o atendimento e realiza o agendamento da consulta inicial, onde o bebê é avaliado por uma equipe interdisciplinar formada por pediatra, fisioterapeuta, psicólogo e enfermeiro.

Tratando-se de caso suspeito de microcefalia por vírus zika, é realizada a notificação para o Ministério da Saúde. Em seguida são realizados exames necessários para a investigação e acompanhamento. O atendimento é gratuito, mas o hospital não cobre os gastos relativos com deslocamento e hospedagem dos pacientes e familiares.

Após a consulta de admissão e realização dos exames complementares, a criança inicia o programa de reabilitação infantil com atendimentos periódicos e atividades de reabilitação, que incluem vivências em meio líquido, grupos de estimulação global do desenvolvimento, além de treino familiar com equipe interdisciplinar, onde as famílias recebem orientações de como executar as atividades de estimulação no dia a dia. Se necessário, o paciente será avaliado também por nutricionista, pedagogo, fonoaudiólogo e professor de educação física.

“As atividades de estimulação visam a potencializar o desenvolvimento da criança, o que ocorre principalmente nos primeiros anos de vida, pois é um período crítico para o desenvolvimento do cérebro. No entanto, a evolução está diretamente relacionada ao grau da lesão cerebral”, explica o médico.

Segundo o médico Márcio Venturini, como o paciente com microcefalia tem risco de desenvolver lesões neurológicas e atraso do desenvolvimento, “é importante o acompanhamento longitudinal do desenvolvimento e reconhecimento precoce de possíveis dificuldades relacionadas ao dano neurológico com o objetivo de tratamento e estimulação”.

Casos

Os casos suspeitos de microcefalia em investigação no Ceará já somam 271 de outubro de 2015 até 29 de fevereiro de 2016, de acordo com Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa). Ao todo, 48 notificações já foram descartadas e 32 confirmadas para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita.

Segundo o boletim, dos 21 óbitos no estado, três casos de natimortos e 18 casos que evoluíram óbito após o nascimento. Destes, 10 permanecem em investigação e 11 foram confirmados sugestivos de infecção congênita, sendo um caso com identificação do vírus da zika no feto.

Grávidas

Com a divulgação da provável relação entre os casos de microcefalia e a infecção pelo vírus da zika, os casos da doença passaram a ser monitorados pelo Ministério da Saúde e a atenção com a prevenção e o tratamento da doença foram intensificados. No caso de mulheres grávidas, a atenção deve ser redobrada.

“É necessário ter acompanhamento obstétrico regular e preferencialmente ser encaminhada para uma unidade que acompanhe grávidas com gestação de alto risco. O acompanhamento é importante para uma boa assistência pós-parto para a mãe e o bebê, visando não apenas as questões clínicas mas também um suporte psicológico para essas famílias”, alerta o médico Márcio Venturini.

* Texto retirado do Portal G1

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