O vice machista e a mulher que faz falta
Cada vez que o vice-presidente Temer abre a boca para se pronunciar, mais eu sinto falta da Dilma.
No Dia Internacional da Mulher, em meio ao seu discurso empolado, o Temeroso reconheceu a relevância do papel da mulher no Brasil como sendo aquela que “faz pela casa”, “faz pelo lar”, “faz pelos filhos”, é o termômetro da flutuação econômica por conta do “orçamento doméstico”, das contas de supermercado.
De nada adianta os defensores do Temeroso argumentarem que o discurso prolixo, longo e extremamente repetitivo menciona a primeira Delegacia de Defesa da Mulher, em São Paulo ao tempo em que o Temeroso era Secretário de Segurança daquele Estado, ou que fala, aqui e acolá, da luta das mulheres, sem que, no entanto, a tal Delegacia e a luta das mulheres seja o foco principal do texto.
Não há como pensar de outra forma, a não ser que o discurso do Temeroso, no Dia Internacional da Mulher, foi ofensivo, machista e revela aquilo que seu governo golpista é: um amontoado de homens velhos, decadentes e obsoletos. Nenhuma mulher ocupa o primeiro escalão do governo. Nenhuma!
Também, pudera. Para o Temeroso, o papel relevante que as mulheres têm é ser “bela, recatada e do lar”, como pintam a Marcela. Nada mais que isso. “Bela, recatada e do lar”.
E pensar que, até 2016, o Dia Internacional das Mulheres no Brasil nos lembrava de Dilma, a legítima ocupante da Presidência do Brasil.
O machismo é característica intrínseca da sociedade brasileira. Durante seu mandato, Dilma Rousseff sofreu muito mais comentários depreciativos do que qualquer homem que a antecedera. Não eram apenas sátiras de cunho político. Eram comentários sexistas, que expressavam aspectos considerados de “inferioridade”, pelo seu gênero.
Acusaram-na de desequilíbrio emocional. Chamaram-na de “durona”. Fizeram-lhe adesivos misóginos. Dirigiram-lhe xingamentos impublicáveis. Aproveitaram-se, até, da Copa do Mundo para ofender sua honra.
Nenhum presidente da República, antes ou depois, sofreu como Dilma. Mas, ela, com toda a sua grandeza, suportou todas as ofensas com valentia, sem baixar a guarda. A cada Dia Internacional da Mulher, sua simples presença no Palácio do Planalto era a mensagem clara e inconteste de que LUGAR DE MULHER É AONDE ELA QUISER.
Quando a quadrilha masculina patriarcal (com a adesão de mulheres nada feministas) tomou de assalto o poder, Dilma, ao sair, manteve a mesma cabeça erguida que ostentou durante todo o juízo político que sofreu. Saiu com a imagem da mulher de fibra, da mulher coragem, do coração valente do povo brasileiro.
Hoje, temos um governante obtuso, cheio de firulas nas palavras, que, no entanto, nada dizem senão asneiras. Além de tudo, é machista.
Triste Brasil este do retrocesso patriarcal.
Ah, que saudades da Dilma…
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