Um ano de desafios e recompensas: minha história com João
Há pouco mais de um ano, iniciava-se a missão ao mesmo tempo mais desafiadora e gratificante de minha vida: ser pai do João Lucas, uma criança com Síndrome de Down. Na época de seu nascimento, isso significou iniciar do zero uma convivência sem qualquer informação sobre a Síndrome e suas especificidades, sem a experiência de contato mais íntimo com uma criança com deficiência na família.
Uma trajetória com primeiros passos tortuosos e difíceis. Um conjunto de primeiras informações carregado pela sugestão de limitações cognitivas e motoras. De cardiopatias e outras patologias. De dificuldades de aprendizado e relacionamento. De uma condição que se sugeria “irreversível”.
Mas, essa condição, de início tão repleta de ícones negativos, foi ganhando ao longo desses poucos, mas intensos meses de vida, outras cores. Cores solidárias de amigos que foram relatando e mostrando casos de pessoas com Down plenamente capazes de demonstrar seus talentos, suas competências, sua sensibilidade. As cores vivas de associações e movimentos que nos ajudam na conscientização por outro olhar para a Síndrome e a capacidade de superar suas supostas limitações.
E o mais importante: as cores vivas do sorriso e das manifestações de carinho do João. De um pequeno ser que desperta no pai, na família e em outros entes queridos, a vivacidade tão importante para que despertemos de nossos preconceitos e passemos a lutar juntos por uma sociedade inclusiva. Que abra de vez portas e mentalidades para reconhecer que pessoas com deficiência têm plenas condições de integração, de exercerem suas atividades de estudo e trabalho com autonomia, de praticarem esportes, de produzirem arte, de manifestarem sua afetividade e sexualidade.
O caminho ainda é longo para que uma parcela mais ampla da sociedade possa reconhecer as diversidades, conviver com as diferenças, perceber que a pessoa com deficiência tem especificidades que merecem nosso engajamento para que sejam respeitadas. Mas, ver João Lucas crescendo, descobrindo o mundo que o cerca, brincando com as outras crianças, traduzindo suas emoções é ter uma prova viva na família de que o estímulo, o afeto e, acima de tudo, a crença nas potencialidades são caminhos para que uma criança com Síndrome de Down possa ter um desenvolvimento que supere expectativas e surpreenda.
* Adilson Nóbrega, jornalista, professor e, acima de tudo, pai do João e da Karen
2 Comentários
Parabéns, querido professor! Sua missão não é inspirar apenas entre as paredes da sala de aula, mas em toda a vida. Felicidades à família!
Querida Virna, muito grato pelas palavras. Toda felicidade para você também 😉