‘A inclusão é uma palavra fraca’, diz sociólogo francês
Em julho de 2015, foi instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), com o objetivo de assegurar direitos básicos e fundamentais que garantem condições de igualdade, como o acesso à saúde, educação, moradia, informação e comunicação, incluindo o direito ao trabalho, à assistência social e à mobilidade.
Apesar disso, as ações afirmativas mudaram a realidade da pessoa com deficiência? O que podemos entender como “inclusão”? De acordo com o Prof. Dr. Michel Chauvière, sociólogo e diretor emérito de pesquisa do Centre National de la Recherche Scientuifique (CNRS) da Université Paris II, se não existir o direito na inclusão, o movimento será apenas um discurso.
Com foco nas áreas de pesquisa de políticas sociais, médica, sociais, judiciárias e familiares, Chauvière definiu que “a inclusão é uma palavra fraca”, pois, em seu entendimento, abrange esferas não só sociais, mas aspectos socioeconômicos e de gênero, por exemplo. “Integração, inserção, cidadania e outras palavras próximas a inclusão são políticas universais. A cidadania principalmente”, argumentou.
“A inclusão é uma questão jurídica. Todos esses elementos têm a ver com o direito, e a inclusão não está de fora”, continuou ele, durante sua fala no Colóquio Internacional sobre Inclusão Social e Diversidade na Educação, realizado nos dias 1º e 2 de fevereiro na cidade de Caucaia (CE), e promovido pelo Sesc-CE, pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e pelo Observatório de Políticas Públicas (OPP).
Em termos semânticos, o doutor em sociologia pontuou a dificuldade de caracterizar o produto linguístico “inclusão”. “São palavras que ajudam e mobilizam, só que às vezes temos de esquecê-las. Esquecer porque são fracas em relação aos objetivos que pretendemos alcançar.”
“Eu creio que a inclusão vem dessas recomendações [normas e políticas públicas estabelecidas em lei em cada país], algo que é obrigatório. É um discurso retórico normativo, mas isso não funciona. Efetivamente, uma das soluções seria consolidar a noção de inclusão ou substituir por outra coisa, algo mais claro”, disse Chauvière ao Catraca Livre.
* Matéria de Tamiris Gomes, do site Catraca Livre (clique aqui)
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