Jovens com deficiência conquistam autonomia na natação adaptada

17/02/2021 Deficiência Intelectual, Notícias 0

Samuel Macena, professor de natação, ministra aulas no Cepid.

Cid Regis, de 21 anos, parece dançar na água. Entre um nado e outro, o jovem magrinho e de sorriso fácil faz sua coreografia com os nados que aprendeu nesses quatro anos em que frequenta as aulas de natação do Centro de Profissionalização Inclusiva para a Pessoa com Deficiência (Cepid), unidade da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS). A paralisia cerebral dificulta a fala, mas Cid é determinado e explica com precisão que o nado costas é o seu estilo predileto. Na água, ele domina cada movimento do seu corpo e mostra que a deficiência não define quem ele é.

Dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Ceará tem mais de 2 milhões de pessoas com deficiência. Neste contexto, o Cepid é um espaço essencial para garantir que este segmento da população tenha acesso à capacitação e ao lazer. Com turmas de capacitação e atividades desportivas, o espaço promove a inclusão recebendo pessoas com e sem deficiência. Atualmente, acontecem no Centro aulas de natação, tênis de mesa e de quadra.

“O Cepid é uma segunda casa para as pessoas com deficiência. E atende tanto o público da Barra do Ceará, onde fica localizado, quanto de bairros mais distantes ou mesmo da Região Metropolitana de Fortaleza”, destaca a titular da SPS, Socorro França. A secretária lembra que o equipamento vem cumprindo todas as medidas sanitárias necessárias ao combate da Covid-19. “Desde a entrada, nós aferimos a temperatura e disponibilizamos álcool em gel para quem chega ao equipamento. Todas as turmas presenciais têm um limite pré estabelecido de alunos para que não haja aglomeração nos espaços”, pontua a gestora.

Iasmin Monteiro, de 19 anos, vem de Maracanaú às segundas e quintas-feiras com a mãe para as aulas de natação do Cepid. Dona Rosângela cuida para que a filha não perca nenhuma aula. “Eu venho de longe porque sei o quanto a natação faz bem para o desenvolvimento motor da minha filha. Se ficar em casa, ela acaba passando muito tempo no celular, com quase nenhum movimento”, conta a mãe, que em pouco tempo já percebe evolução na coordenação motora e no humor de Iasmim, que tem deficiência intelectual. “Aqui no Cepid nós ofertamos diversas modalidades paradesportistas. Nossos alunos participam de competições estaduais, nacionais e internacionais. As equipes que treinam aqui já alcançaram êxitos em muitos campeonatos. O esporte desafia nossos alunos a conquistarem sempre mais e a vencer outros desafios para além da deficiência”, ressalta a coordenadora do Cepid, Regina Tahim.

Iasmin Monteiro e sua mãe Rosângela, no Cepid.

Autismo e inclusão
Ronald Barbosa, de 22 anos, flutua na água com uma serenidade invejável! Ele fica à vontade e completamente entregue dentro da piscina, como se estivesse em casa. A mãe, Maria Ivonice, explica que Ronald tem diagnóstico de autismo, esquizofrenia e bipolaridade. “Eu aprendo todos os dias com meu filho. Nossa rotina não é fácil e estou sempre alerta para entender o que ele tenta comunicar, seja nos gestos, no olhar”, conta dona Ivonice. “Ele não estava se movimentando direito nesse período da pandemia, mas depois das aulas de natação passou a desenvolver de novo os movimentos e melhorou muito o humor. A piscina traz a calma que ele precisa”, observa ela, apontando as chinelas de Ronald, colocadas por ele metodicamente no cantinho ao lado da piscina. “Eu trago meu filho para o Cepid com muita alegria no meu coração, porque sei que isso é como estar presenteando ele com algo muito valioso e que está fazendo muita diferença na nossa rotina”, completa Maria Ivonice.

O professor de natação, Samuel Macena, observa que é perceptível o desenvolvimento do aluno nos aspectos psicomotores, comunicativos, afetivos e sociais. “Dentro da água eu vejo ele buscando autonomia e autoconhecimento em suas ações o que evidencia para mim o valor da natação no trabalho psicomotor com autistas. Além do Ronald, nós trabalhamos aqui com outros alunos que possuem diversas deficiências e conseguem superar suas limitações dentro da água. Cada aluno exige um método diferente e a partir daí eu começo meu trabalho”, pontua Samuel.

* Matéria retirada do site do Diário do Nordeste

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