Qual era a doença de Aleijadinho?
Entramos aqui no capítulo mais nebuloso e desconhecido da vida de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. O que se sabe sobre ela é que o artista, a partir dos 40 anos, começou a sofrer de um mal físico e debilitante cruel, que fez seus dedos dos pés e das mãos caírem, seu rosto se deformar até assumir uma aparência grotesca, seus dentes caírem e os olhos ficarem fundos e tortos. Aleijadinho passou a se movimentar de joelhos, se arrastando pelo chão, e precisou prender suas ferramentas de trabalho em seus pulsos, pois não havia mais dedos para segurá-las. Sentindo dores absurdas, se tornou recluso e só se deslocava pela cidade de Ouro Preto à noite, mesmo assim, vestindo casacos enormes e chapéus de grandes abas para esconder suas feições horrendas. Se tornou também um homem violento e revoltado, descontando sua raiva nos três escravos que o ajudavam nos trabalhos – Maurício, Agostinho e Januário.
Sem Barreiras foi ao site do CREMESP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) em busca de luzes sobre que doença horrível teria sido a dele, mas somente encontrou mais desinformação e mistério. Segue o que diz o site: “O Mal de Hansen (a Lepra) foi a doença considerada mais provável, por diversos autores, e aceita durante um longo período. Entretanto, alguns dados mais recentes demonstram que essa possibilidade é pouco provável. Documentos demonstram que, em 1788, por ordem do governo de Vila Rica, todos os doentes com hanseníase deveriam ser confinados, até aqueles com suspeita. O nome de Aleijadinho não consta desta lista e a própria evolução da doença é incompatível com a intensa atividade do artista até pouco antes de sua morte”.
O site do CREMESP continua e diz que os diagnósticos de sífilis, paralisia infantil, escorbuto e tromboangeíte obliterante se revelaram pouco prováveis e que esclerodermia, porfiria cutânea tarde e acidente do trabalho são possibilidades mais aceitas. “Achiles Cruz, professor de Reumatologia da UFMG, defendeu durante anos a possibilidade de Aleijadinho ter sofrido de esclerodermia, uma doença reumatológica autoimune, cujas manifestações poderiam explicar os sintomas e sinais referidos pelo biógrafo do artista. Porém, comenta que, atualmente, a doença mais aceita pelos diversos estudiosos do tema é de porfiria cutânea tardia”. Em 1930, a cova do artista foi aberta e os ossos foram levados para a igreja de Antonio Dias. Exames sugerem que os ossos avermelhados (característica compatível com porfiria) eram de Aleijadinho, mas nunca se pôde ter certeza. O professor Geraldo Barros de Carvalho, dermatologista mineiro e uma das maiores autoridades sobre o assunto, em 1998, participou de uma comissão que confirmou o alto teor de ferro pesquisado em duas vértebras encontradas no túmulo do artista, achado também compatível com porfiria.
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