Acessibilidade nos vídeo games

24/02/2025 Destaques, Notícias 0

Fundação AbleGamersBR realiza eventos anuais para arrecadar fundos e promover conscientização.

Na maioria das vezes, jogar algo é simples: ligar o console ou PC, escolher o jogo, pegar o controle (ou teclado e mouse) e começar. No entanto, para jogadores com deficiências, algumas adaptações são necessárias, em acessórios e/ou dentro do jogo, para também permitir que estas pessoas possam se divertir. E é aí que entra a importância da acessibilidade nos games.

Mas, o que é acessibilidade? Segundo o dicionário Michaelis, acessibilidade significa “facilidade de acesso; qualidade do que é acessível”. Ou também “facilidade de aproximação, de procedimento ou de obtenção”. Em outras palavras, acessibilidade também é desenvolver meios que permitam a inclusão de um indivíduo em variadas atividades, independentemente de sua deficiência.

Esta é uma discussão bem ampla, mas focando especificamente em jogos, atualmente muito se tem falado sobre recursos de acessibilidade na gameplay e, inclusive, há equipes dedicadas para aperfeiçoar esses sistemas – dependendo do orçamento dedicado ao projeto deste game.

Há 10 anos, o máximo que se via de acessibilidade em alguns jogos eram legendas e o próprio áudio do jogo em diálogos (quando existiam), para guiar jogadores com deficiência visual, por exemplo. Ainda era muito excludente, pois não se consideravam outras deficiências ou, por vezes, sequer eram recursos de acessibilidade “oficiais”; eram apenas adaptados para este propósito.

Como dito antes, hoje em dia é notável o aumento no esforço de se incluir mais pessoas, diferentes pessoas, no mundo dos jogos. Vários títulos já contam com interfaces mais amigáveis, controles mais intuitivos, modos facilitados, além do boom dos games casuais – populares, principalmente, em dispositivos móveis.

Mas antes de começarmos a comemorar toda essa onda crescente de inclusão nos jogos é preciso ter em mente que ainda há um longo caminho a seguir para que o games sejam realmente acessíveis a pessoas com diferentes tipos de deficiência.

Para o site The Next Web, “a indústria de videogames precisa melhorar nessa área [de acessibilidade]. E isso depende da mudança nas suposições feitas, em nível de design, sobre quem joga videogame”.

Os games são para todos, certo? Ainda não, mas isso pode mudar realmente.

Fundação atua como voz para jogadores com deficiência

Buscando despertar a consciência da indústria de que os recursos de acessibilidade nos games devem ser parte integrante do game design, e não tidos apenas como “extras” ou exclusividade das grandes produções, a AbleGamers (criada em 2004) atua de forma global na causa da inclusão de jogadores com deficiência.

De acordo com informações mais recentes (de 2020) levantadas pela própria AbleGamers Foundation, que é uma organização de caridade norte-americana, existem hoje no mundo aproximadamente 46 milhões de pessoas com deficiência que jogam videogames.

Uma das várias ações da fundação é atuar, em conjunto com os desenvolvedores, para que os estúdios tornem os jogos cada vez mais inclusivos.

Além disso, a organização também desenvolve e fornece controles adaptados ao redor do mundo (inclusive no Brasil), sendo parceira da Microsoft na criação do Xbox Adaptive Controller, tido pela revista TIME como uma das melhores invenções de 2018.

A organização chegou ao Brasil, em 2017, onde passou inicialmente a organizar um evento anual para arrecadação de fundos, além de divulgação do movimento de acessibilidade em games. Após quatro eventos, chamados de AbleGamersBR, foram arrecadados mais de R$ 18 mil, sendo R$ 7 mil só na última edição.

Com o sucesso e repercussão desses eventos, a matriz da AbleGamers decidiu, em 2020, atuar oficialmente no Brasil e reinvestiu todos os valores arrecadados, nos eventos brasileiros, por aqui mesmo.

Nascido e criado em São Paulo, Christian Bernauer é representante da AbleGamers no Brasil e organizador dos eventos da fundação no país. Ele fez faculdade de computação, pensando em trabalhar com games, mas acabou mudando de área e hoje atua com administração. Christian conta ao Tecnoblog que sempre foi um ávido jogador de videogames e teve seu primeiro contato com a AbleGamers quando era redator do blog Nós Nerds.

“Tive a oportunidade, em 2017, de entrevistar um dos diretores da AbleGamers, Steve Spohn. Me encantei pelo projeto e perguntei como poderíamos fazer para ajudar. Ele disse que a AbleGamers vivia de doações, que as pessoas faziam maratonas de jogos, eventos e etc para arrecadar fundos. Cerca de 1 mês depois, estávamos realizando o primeiro evento beneficente, que chamamos de AbleGamersBR”, comenta.

Christian, que já participou de nove lives, podcasts e programas gravados falando de acessibilidade, também explica que o evento no Brasil começou com foco em arrecadação, mas mudou para conscientização. “Fomos percebendo que muitas pessoas com deficiência deixavam de jogar, pois desconheciam as alternativas, controles e técnicas que permitiriam que jogassem”, aponta.

“Como somos novos aqui, não conseguimos implementar todas as ações que gostaríamos ainda. Além da conta no Twitter em português, estamos montando uma loja oficial para ter um canal de arrecadação constante, com renda revertida para a causa. Também passaremos a ter um horário no calendário de lives do canal da Twitch da AbleGamers, com lives em português e streamers brasileiros, sempre focando em dar espaço para streamers PCD [pessoas com deficiência].”, explica Christian.

* Matéria de Vivi Werneck, do site Tecnoblog

Receba um e-mail com atualizações!

Assine e receba, gratuitamente, nossas atualizações por e-mail.

Eu concordo em informar meu e-mail para MailChimp ( more information )

Nós jamais forneceremos seu e-mail a ninguém. Você pode cancelar sua inscrição a qualquer momento.

Compartilhe:

Sem nenhum comentário

Deixe o seu comentário!