Nada calará a voz dos oprimidos
Cem anos nos separam da histórica Greve Geral de 1917, que paralisou São Paulo. Quis o destino que os motivos que ensejaram aquela paralisação fossem, por demais, semelhantes aos que estimulam a Greve Geral do dia 28 de abril de 2017.
Seria impensável supor que, a essa altura do Século 21, fôssemos chamados às ruas para defender a jornada de trabalho de 8 horas diárias, garantida pela Constituição e pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), do mesmo jeito que fizeram os grevistas de um século atrás – tempo em que não havia Constituição de 1988 e nem, tampouco, CLT. Naquele tempo, trabalhava-se até 16 horas por dia. O trabalho infantil era a regra nas fábricas. Mulheres exerciam seu ofício em condições totalmente insalubres. Tudo para sustentar o luxo e a luxúria das classes dominantes, opressoras, desde sempre, neste Brasil varonil.
Nos tempos de hoje, a reforma trabalhista quer que a jornada de trabalho seja flexibilizada para até 12 horas diárias. Querem os patrões a prevalência do negociado sobre o legislado, o que implicaria no enfraquecimento do movimento sindical. Desejam os opressores de sempre a diminuição, até, do intervalo para almoço, o fracionamento das férias dos trabalhadores e a colocação de mulheres – inclusive gestantes – em condições insalubres de trabalho, sem a necessidade da anuência do Ministério do Trabalho e Emprego.
Em 1917, a luta da classe trabalhadora deixou mártires, como o anarquista espanhol José Martínez, assassinado pela cavalaria da polícia paulista. Mas, trouxe importantes conquistas, sendo a primeira vez que um movimento organizado de trabalhadores foi ouvido pelo patronato, inclusive, com aumento de seus salários, já por demais defasados pelo que se chamava de carestia.
Em 2017, já há mártires vagando desiludidos pelas ruas e avenidas brasileiras. Dezenas de milhões de desempregados, em uma economia travada por medidas de arrocho e exploração. Polícia armada até os dentes para sufocar, com bombas, pancada e – como em 1917 – cavalarias, a voz de quem, desde sempre, está na parte oprimida da cadeia social.
A luta de 1917 não era motivada por partidos políticos, mas, sim, por entidades organizadas da classe trabalhadora.
A luta de 2017, também. Centrais sindicais de todo o país clamam às ruas, para que todos os explorados, a uma só voz, gritem por socorro, exijam a não aprovação das medidas de retrocesso de um governo golpista.
Como em 1917, quando nossos irmãos que ali estavam não baixaram a guarda ante o discurso da elite da época, de que não passavam de anarquistas a promoverem balbúrdia e desordem, nós, os grevistas de 2017, não nos curvaremos. Nem mesmo ante a aprovação, pela Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira, 26 de abril, do texto da reforma trabalhista do Temeroso.
Aliás, o golpe (mais um para a conta dos usurpadores) da reforma trabalhista, na Câmara, não deve, jamais, desanimar a mobilização para o dia 28 de abril. Ao contrário, cada insulto, cada conchavo, cada provocação dos inimigos da felicidade do pobre deve servir de combustível para que nos unamos ainda mais, cada vez mais fortes.
Foi assim em 1917, quando cada exploração, cada agressão física, cada cárcere, cada escravidão era combustível de luta dos operários.
Naquele tempo, o grito de ordem maior era REVOLUÇÃO.
Esta palavra, REVOLUÇÃO, deve ser o mote de 2017.
Somente uma verdadeira REVOLUÇÃO dos trabalhadores pode inverter a balança histórica brasileira, sempre pendente a favorecer aqueles que concentram riquezas, em prejuízo de quem passa fome.
Somente uma verdadeira REVOLUÇÃO conterá os sanguessugas que se beneficiam de um sistema político carcomido, corrompido desde sempre.
A REVOLUÇÃO, porém, começa pela mobilização constante de todos nós, oprimidos, cuja voz deve ser uníssona pela LIBERDADE.
Sem temor e dizendo, em alto e bom som, que não adianta tentarem nos calar.
Jamais conseguirão!!!!
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