A diferença é um traço de todos nós
Lembro sempre de uma frase que meu pai gosta de falar: “Deus é tão incrível que em um espaço pequeno como é um rosto, ainda assim faz todo mundo diferente”.
Pode ser Deus, sim. Pode ser a genética também. Pode ser o composto de misturas biológicas que nos dão infinitas possibilidades de narizes e testas e olhos e bocas e queixos e sobrancelhas.
Isso sem falar de nossos corpos: todos diferentes uns dos outros em formatos, cores, alturas e medidas.
Se formos para as personalidades de cada um de nós, então! Como achar outra pessoa igual a alguém? Não há! Nem gêmeos idênticos, que compartilham uma mesma genética, têm personalidades iguais.
A diferença nos compõe e nos caracteriza.
É, talvez, a inconstância mais constante que temos enquanto seres.
Humanos são sempre uma diversidade em características e identidades.
Talvez por isso pensar que possamos ser julgados por essa mesma verdade – a diferença – seja algo tão mesquinho e cruel.
Eu acredito em uma existência profunda, sabe?
Em pensarmos de verdade por que e para que estamos aqui, vivos, neste exato momento.
Há quanto tempo você não pensa sobre isso?
Por que você está vivo?
Qual o propósito da sua vida?
É um teste?
Algumas religiões, de certa forma, creem que sim.
Que estamos aqui sendo continuamente testados em nossas ações.
Caso isso seja uma verdade, eu gosto de perguntar: ganharíamos mais pontos por atacar alguém que é diferente daquilo que achamos que é o correto ou ganharíamos mais pontos por dizer a essa pessoa que, mesmo ela sendo diferente, nós a amamos?
Eu, obviamente, não sou Deus.
Mas, penso que se Deus de fato é tão imenso e grandioso e passível de um amor imensurável, que esse Deus doa-se apenas ao ato de amar.
Falo de Deus e de religiões porque infelizmente são muitas vezes usados para atacar o diferente. Em especial, pessoas homossexuais e transexuais.
Sei que somos uma espécie que ainda não lida bem com sexo.
Estamos em 2017, à beira de 2018, e ainda sexo é um tópico cheio de tabus para todos nós.
Envolto em pecados e interpretações de formas não dignas de viver.
Não vou entrar nisso agora porque precisamos de mais tempo para conversar, mas lhe digo: se nos focarmos no amor de fato, no ato de AMAR outro ser humano, veríamos que no amor não há espaço para a violência.
Violência é um ato não consentido: a outra pessoa não quer nem gosta de ser tratada daquela maneira. A violência é arbitrária e cruel. Causa sofrimento.
No amor, nunca há espaço para a violência.
Então, seja qual for a diferença com a qual nos deparamos, olhemos com cuidado. Olhemos com compaixão. Olhemos com amor antes de nos permitirmos nos encher de ódio e reprovação.
Reprovar outro ser humano é algo muito sério.
E penso mesmo que seria necessário no mínimo ser um Deus para apontar um humano e dizer: você não deveria ser como você é.
Mas, aí, sendo Deus, duvido que Ele seria capaz de tamanha pequenez.
1 Comentário
Menina querida, a cada texto você surpreende mais! Parabéns por sábias, certeiras e poéticas palavras tão necessárias hoje em um mundo, infelizmente, cada vez mais atrasado… Continue firme e forte! Abração, Leandra.