Mãe ajuda autista de 10 anos a publicar livro de histórias
As páginas do livro O relógio que perdeu as horas, escrito por Luigi Venturoli, de 10 anos, não trazem só uma história de ficção, mas também revelam uma vida marcada pela paixão de ler e escrever.
Ele e o irmão gêmeo, Giuliano Venturoli, têm autismo e moram em Rio Claro (SP). A dupla vive imersa no mundo das letras e também sabe ler em outros idiomas, como russo e inglês.
“Gosto de ler porque estimula a imaginação. Você aprende palavras novas. Porque você gosta de ouvir o som das páginas virando”, afirmou Luigi.
Intimidade com as letras
O amor pelas letras surgiu depois do diagnóstico de autismo, quando os irmãos tinham dois anos. O Transtorno de Espectro Autista (TEA) afeta a linguagem e provoca comportamentos repetitivos, fazendo com que a criança tenha dificuldade para interagir.
Com o diagnóstico, a mãe, Patricia Epiphanio Venturoli, decidiu entrar no mundo dos filhos e encontrou no alfabeto o maior aliado.
Os brinquedos eram letras coloridas, que despertaram a atenção dos irmãos. “O alfabeto para mim foi uma coisa maravilhosa porque ele serviu nesse canal pra gente começar a fazer brincadeira”, disse Patricia.
Com essa brincadeira, Luigi aprendeu a ler aos três anos, mais cedo do que a maioria das crianças, alfabetizadas aos seis anos.
O relógio que perdeu as horas
Em uma noite como todas as demais, Patricia contava as historias de dormir para os irmãos. Luigi decidiu que era sua vez.
“Ele falou: ‘mãe, hoje eu vou contar! ’ E contou essa história linda. E aí no dia seguinte eu pedi: você vai repetir porque vou gravar isso no computador. Ele tinha sete anos. Ele ficou bravo. Não queria, mas escrevemos e isso ficou guardado por três anos”, contou Patricia.
“É uma coisa que pouca gente faz! Eu só tenho 10 anos. Eu tinha sete anos na época e já escrevi um livro!”, disse o pequeno escritor, que escreveu um conto sobre um relógio que perdeu as horas.
Interação
O estimulo à leitura logo depois do diagnóstico foi essencial para que o Luigi pudesse interagir com as pessoas.
As ideias, que antes só viviam no mundo dele, agora podem circular por todo o mundo, já que o garoto autista lançou o primeiro livro, com direito a muitos autógrafos.
“É muito gratificante poder conviver e poder ajudá-los e ao mesmo tempo é uma inspiração para outras crianças”, afirmou o pai, Marcelo Venturoli.
“As nossas crianças têm um potencial enorme, mas elas precisam dos pais para ter esse caminho de superação”, completou Patricia.
* Matéria do site G1 de São Carlos e Araraquara. Assiste ao vídeo da matéria aqui.
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