Mãe adesiva escola para ajudar filho autista
Os adesivos na parede mostram sequências de atividades rotineiras: o passo a passo no banheiro, como usar o bebedouro, o comportamento dentro da escola. Se para a maioria das crianças é algo feito automaticamente, para aqueles com autismo pode ser um mecanismo fundamental. Juliana Lanser Mayer sabe disso e quando o filho Rafael foi para a escola ela percebeu que precisaria levar as figuras de dentro de casa para o colégio.
Isso permite que o menino de seis anos reconheça a ordem das atividades que deve desempenhar dentro da Escola Municipal Padre Martinho Stein, em Timbó. Na unidade estudam outras quatro crianças autistas.
– Ele é muito visual, isso o ajuda a seguir uma rotina, o que é importante para que ele não se desorganize – explica a mãe, que teve o cuidado de ir à unidade antes do início do ano letivo conversar com a direção e colar os adesivos nos principais pontos.
O Ministério da Saúde disponibiliza na internet um manual de orientação aos pais de crianças com autismo. O documento é enfático: as regras são importantes porque, só assim, estrutura e ordem começam a se desenvolver na mente do autista.
Sem saber disso, Juliana começou o trabalho de estabelecer normas claras desde o nascimento do primeiro filho. Ela usa a técnica de expor as recomendações da casa em adesivos nas paredes para manter organizada a rotina das crianças, mas quando o menino foi diagnosticado com o espectro, as figuras se tornaram uma forma de comunicação.
– Quando ele entra em desordem deixa de falar em português e só fala em inglês. Isso já aconteceu no pré-escolar e as professoras podem mostrar as figuras para se comunicar com ele – diz Juliana.
Os adesivos não ajudam apenas o Rafael. Agora são aliados da direção da escola para manter o bom comportamento de todos os alunos. Isso porque neles estão recomendações fundamentais, como fazer as atividades propostas pelos professores, respeitar os horários determinados e ser obediente.
Pistas visuais são importantes, diz doutora em educação
A doutora em Educação Juliana da Silva Uggioni diz que as pistas visuais (neste caso os adesivos) têm papel importante na promoção da autonomia das crianças com autismo. Com as orientações expressas nas paredes do colégio, por exemplo, fica mais fácil para o aluno se organizar mentalmente. Sem as regras, a especialista em Educação Inclusiva explica as consequências:
– Ela (a criança) tem mais dificuldade na adaptação, fica sem parâmetro e isso pode ser um dos gatilhos para crises, que chamamos de desorganizações.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças possui autismo. O transtorno se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e feitas de forma repetitiva.
Evidências científicas sugerem que há muitos fatores que tornam uma criança mais propensa a ter autismo, incluindo os ambientais e genéticos. A intervenção desde a infância é importante para promover o desenvolvimento da pessoa. A cura para o transtorno não foi desenvolvida. No entanto, intervenções como o tratamento comportamental e programas de treinamento de habilidades para pais e outros cuidadores, podem reduzir as dificuldades de comunicação e comportamento social.
Os materiais utilizados pela família de Rafael estão disponíveis na internet e podem ser acessados aqui.
* Matéria de Talita Catie, do site NSC Total (clique aqui)
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